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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Devaneios de um certo amor

Ficaram eles ali, sentados, à conversar; o pôr do sol não puderam ver,
Entre quatros paredes nada se pode ver.
Trocaram confidências, desejos, figurinhas, cansaram-se e ficaram apenas a observar um ao outro,
Aproximaram as mãos, mas não as tocaram.

Perderam a noção do tempo, nem viram a noite adentrar como um fantasma, escura e silenciosa.
Dali não sairam um minuto sequer, fome não sentiram, o sono a muito havia desistido de puxá-los para a cama.
Verbalizaram juras eternas de amor, imaginaram seus corpos unidos.
Não estavam perdidos, mas queriam se encontrar, estavam separados, colocados cada um em pontos distantes;
Unidos por metros e metros de fios de energia, ligados por um quadro, uma tela.
Jamais estiveram juntos, mas se conheciam o suficiente para saber que amavam um ao outro.
A máquina era o passaporte para a felicidade;
A rede o meio mais fácil de estarem próximos.
Um pertencia ao outro, mas estavam sós;
Amavam-se enquanto cada um estivesse frente a sua própria tela, embalado pelo tic-tic do teclado e clique do ratinho.


Débora Paula